Queria saber se vou ou se fico.
Se mudo os planos ou deixo as coisas como estão.
Saber se gasto comprando ou guardo poupando.
Mas sou uma só coisa certa: perguntas.
Queria te dar um beijo e saber da sua vida, ou não.
Seguir à distância porque não vejo porquês.
Mas ao procurar porquês me vejo a fuçar o vazio, onde não se acham respostas.
Ao fuçar o vazio me dou conta, faz sentido "procurar sentido" ou deixar-se sentir?
E no vazio, você estará lá ou estará nas páginas que foram viradas, apenas na lembrança, que de tão viva é quase o dia- a -dia?
Pois o que dorme comigo e acorda, não é presença, ainda que ausente?
Como o monstro dos pesadelos, ele existe ou não? Porque existiu até que eu acordasse e ao despertar é etéreo, embora ainda pulse acelerado o coração e escorra o suor pelo pescoço.
Assim vivemos, eu e as dúvidas.
Assim repousamos, eu e as certezas.
Lembrando da frase do Antônio Cícero: "Talvez o fim, não seja nada, que a estrada seja tudo".
Então, estando na estrada, está tudo certo.
E sei lá eu os caminhos a percorrer, seguimos sem mapas, desafiando as trilhas e ora sim, ora não, fincando uma bandeirinha aqui e ali no cume de alguma montanha vencida.
Em silêncio, olhando do alto a paisagem.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Sobre envelhecer...
Esses dias andei olhando pra trás.
Escrevi cartas que faltavam, dei telefonemas que eram necessários, fiz agradecimentos que demorei demais, dividi responsabilidades que carreguei muitos anos sozinho, tentei diminuir injustiças cometidas por orgulho ou inexperiência.
Foi bom, libertador e para minha surpresa, todas as respostas que recebi, as boas e as más, me serviram. Me responderam. Trouxeram-me paz. Sem surpresas. Quem me amava, amava mesmo, quem me iludia, era mesmo uma mentira. Gostei. Jogo limpo.
Nessa mesma onda acabei escutando discos antigos, lendo livros com dedicatórias de décadas atrás e fotos que me fizeram ora relembrar, ora querer esquecer. Mas que constituiram partes do eu que hoje sou.
Esse eu que beira 41 anos e não se importa com o fato, mas me importo como e onde me colocar nessa altura do campeonato.
Não é mole não.Mas é absolutamente natural e de tão natural chega a ser desejável, há algo de bálsamo, de preocupações que se vão, de valores que se reavaliam em nome de outros mais simples e menos presunçosos.
Há rugas indesejáveis, uns grisalhos meio teimosos demais, umas cismas de gente madura...mas ainda assim, tudo tão natural.
Nesse miolo todo, me reencontrei com uma artista que amava na adolescência, Marina Lima. Ela que passou uma grande crise emocional, deixou de gravar discos, perdeu a voz, mudou o tom. E ouvi os discos e vi os vídeos e entendi: Marina envelheceu. Mais que eu, ou melhor, antes que eu.
Como poderia se esperar que cantasse com o mesmo timbre, as mesmas canções, o mesmo figurino? Era claro que ela precisava desse processo tanto quanto eu, ou outra pessoa que vê e sente o tempo passar, as mudanças que se dão, os valores que se alteram...e entendi tudo. E voltei a amá-la pela coragem. Pela ousadia, que sempre foi sua marca. Aos mais de 50 anos, ela vai continuar sendo a "Garota de Ipanema"? Não! Ela é madura e vai falar das dores e alegrias de seu tempo, vai dançar e cantar para uma mulher de sua idade, vai vestir o figurino que a valoriza no tempo em que está, mas sem virar uma careta chata, ou uma ultrapassada artista que ficou lá nos anos 80.
Sabe, Marina, você voltou a falar pro meu coração e me mostra que dá pra ser linda e sexy aí, onde se está, nem mais pra frente, nem mais pra trás.
De repente, percebi "sem mais rodeios, as outras cores entre o céu e o chão: achava que existisse só o vermelho, que o mundo fosse feito só de ação...tem tanto mais pra dar vazão..."
Tá tudo dito.
Estamos aí, 40, 50, 60, 100...
Escrevi cartas que faltavam, dei telefonemas que eram necessários, fiz agradecimentos que demorei demais, dividi responsabilidades que carreguei muitos anos sozinho, tentei diminuir injustiças cometidas por orgulho ou inexperiência.
Foi bom, libertador e para minha surpresa, todas as respostas que recebi, as boas e as más, me serviram. Me responderam. Trouxeram-me paz. Sem surpresas. Quem me amava, amava mesmo, quem me iludia, era mesmo uma mentira. Gostei. Jogo limpo.
Nessa mesma onda acabei escutando discos antigos, lendo livros com dedicatórias de décadas atrás e fotos que me fizeram ora relembrar, ora querer esquecer. Mas que constituiram partes do eu que hoje sou.
Esse eu que beira 41 anos e não se importa com o fato, mas me importo como e onde me colocar nessa altura do campeonato.
Não é mole não.Mas é absolutamente natural e de tão natural chega a ser desejável, há algo de bálsamo, de preocupações que se vão, de valores que se reavaliam em nome de outros mais simples e menos presunçosos.
Há rugas indesejáveis, uns grisalhos meio teimosos demais, umas cismas de gente madura...mas ainda assim, tudo tão natural.
Nesse miolo todo, me reencontrei com uma artista que amava na adolescência, Marina Lima. Ela que passou uma grande crise emocional, deixou de gravar discos, perdeu a voz, mudou o tom. E ouvi os discos e vi os vídeos e entendi: Marina envelheceu. Mais que eu, ou melhor, antes que eu.
Como poderia se esperar que cantasse com o mesmo timbre, as mesmas canções, o mesmo figurino? Era claro que ela precisava desse processo tanto quanto eu, ou outra pessoa que vê e sente o tempo passar, as mudanças que se dão, os valores que se alteram...e entendi tudo. E voltei a amá-la pela coragem. Pela ousadia, que sempre foi sua marca. Aos mais de 50 anos, ela vai continuar sendo a "Garota de Ipanema"? Não! Ela é madura e vai falar das dores e alegrias de seu tempo, vai dançar e cantar para uma mulher de sua idade, vai vestir o figurino que a valoriza no tempo em que está, mas sem virar uma careta chata, ou uma ultrapassada artista que ficou lá nos anos 80.
Sabe, Marina, você voltou a falar pro meu coração e me mostra que dá pra ser linda e sexy aí, onde se está, nem mais pra frente, nem mais pra trás.
De repente, percebi "sem mais rodeios, as outras cores entre o céu e o chão: achava que existisse só o vermelho, que o mundo fosse feito só de ação...tem tanto mais pra dar vazão..."
Tá tudo dito.
Estamos aí, 40, 50, 60, 100...
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